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MALMÖ, Suécia: Determinar a idade de um indivíduo desempenha um papel fundamental em vários contextos médicos, legais e antropológicos. Tradicionalmente, o estágio de desenvolvimento dos terceiros molares inferiores, especificamente o estágio H de Demirjian, tem sido uma ferramenta para tais avaliações. Pesquisadores na Suécia conduziram uma revisão sistemática para examinar a confiabilidade desse método odontológico do ponto de vista estatístico, clínico, técnico e ético e descobriram uma enorme falta de evidências científicas de sua validade como uma avaliação da idade.
Em 1973, Demirjian e cols. introduziram um método para avaliar a idade cronológica com base na maturidade dentária, distinguindo oito estágios de desenvolvimento (A-H) na formação dos dentes. Inicialmente, o método foi aplicado em sete dentes permanentes na mandíbula e posteriormente o oitavo dente permanente, o terceiro molar, foi incorporado. Este dente é particularmente significativo em avaliações forenses de idade para adolescentes mais velhos e adultos jovens.
Os estágios de formação dos dentes de Demirjian são pontuados usando radiografias panorâmicas, e o posicionamento adequado do paciente é crucial para a captura de imagens de qualidade. Essas radiografias permitem que os dentistas classifiquem o estágio de desenvolvimento de um terceiro molar, usando conjuntos de dados de referência para estimar a idade cronológica. Destacam-se os estágios G e H. No estágio G, os ápices da raiz permanecem abertos, enquanto no estágio H eles se fecham, marcando a formação completa do dente. Embora fatores como sexo, etnia e genética influenciem a formação dos dentes, estresses ambientais geralmente têm efeito mínimo, mas nutrição, episódios de febre alta e certos medicamentos podem afetar a morfogênese dos dentes.
Pesquisadores da Universidade de Malmö e da Agência Sueca para Avaliação de Tecnologia de Saúde e Avaliação de Serviços Sociais procuraram investigar a correlação entre um terceiro molar mandibular totalmente amadurecido de acordo com o método de Demirjian e a idade cronológica. A questão central era a confiabilidade de usar o Estágio H de Demirjian para determinar se alguém atingiu 18 anos de idade.
A revisão incluiu 15 estudos, que abrangeram 13 países e envolveram participantes de 3 a 27 anos. Os achados destacaram que, aos 18 anos de idade, a proporção de indivíduos com terceiro molar inferior no Estágio H variou de 0% a 22% para homens e 0% a 16% para mulheres. A revisão não pôde vincular definitivamente o desenvolvimento do Estágio H de Demirjian do terceiro molar inferior com a idade cronológica, indicando que não é confiável usar esse método para determinar se alguém tem menos ou mais de 18 anos. Clinicamente, descobriu-se que as taxas de desenvolvimento do terceiro molar diferem entre populações, e sua presença é inconsistente devido à ausência congênita ou outros problemas dentários.
Do ponto de vista técnico, a qualidade da imagem é crucial, mas as radiografias podem apresentar distorções indetectáveis, o que afeta a confiabilidade. Métodos avançados, como aprendizado de máquina, podem revolucionar a avaliação de idade no futuro, superando potencialmente o método manual tradicional de Demirjian.
Eticamente, usar a maturidade do terceiro molar para estimar a idade apresenta questões relacionadas a lacunas de conhecimento, consentimento e possíveis consequências a longo prazo. Os autores sugeriram que estudos futuros garantam o treinamento do observador e o cegamento das radiografias.
O estudo, intitulado “How old are you? A systematic review investigating the relationship between age and mandibular third molar maturity”, foi publicada online em 18 de maio de 2023 no PLOS ONE.
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