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Hipomineralização do esmalte: estudo aponta anti-inflamatórios comumente usados em crianças

Estima-se que cerca de 20% das crianças em todo o mundo sofram de defeitos no esmalte dentário, uma condição mal compreendida que pesquisadores no Brasil acreditam estar ligada a medicamentos anti-inflamatórios. (Imagem: BeautifulPicture/Shutterstock)

SÃO PAULO: Estima-se que os defeitos do esmalte dentário (DEDs) afetem cerca de 20% das crianças em todo o mundo, e casos como a fratura dos dentes das crianças como resultado da mastigação são de grande preocupação para os médicos. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo descobriu que os anti-inflamatórios comumente prescritos para crianças podem estar associados à condição pouco compreendida.

Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da universidade estudaram os efeitos dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) na biomineralização do esmalte de camundongos machos. Dentes extraídos que foram tratados com os AINEs celecoxib e indometacina por um período de 28 dias apresentaram diminuição dos níveis de cálcio e fosfato e menor densidade mineral, além de fraturarem com mais facilidade. Crucialmente, os pesquisadores encontraram nos dentes alterações nas proteínas que são importantes para a biomineralização do esmalte e diferenciação celular. As descobertas, escreveram os pesquisadores, aludem à possibilidade de que os AINEs possam ter um efeito causal no desenvolvimento de DEDs.

“Até agora estivemos totalmente no escuro” – Dr. Francisco Paula-Silva, Universidade de São Paulo

Um artigo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo sobre a pesquisa observou que a curiosidade dos pesquisadores foi aguçada pelo fato de as DEDs ocorrerem nos primeiros anos de vida, quando são frequentes os enjoos e a febre alta. “Essas doenças são normalmente tratadas com AINEs, que inibem a atividade da ciclooxigenase [COX] e reduzem a produção de prostaglandina”, disse o autor correspondente Dr. Francisco Paula-Silva, professor associado de odontopediatria na universidade, à fundação. “No entanto, sabe-se que a COX e a prostaglandina são fisiológicas para o esmalte dentário e, portanto, nos perguntamos se essas drogas interfeririam na formação normal dessa estrutura”, acrescentou.

“Neste momento, o estudo pelo menos nos oferece uma pista sobre a identidade de um novo jogador que pode estar envolvido no desenvolvimento de DEDs. Até agora estivemos totalmente no escuro”, disse a Dra. Paula-Silva.

Os pesquisadores agora planejam realizar um estudo clínico para confirmar os resultados. “Vamos analisar o histórico médico das crianças com DEDs e o uso dessas drogas, e faremos um estudo clínico que correlacionará os dois conjuntos de dados para ver se a mesma coisa acontece com os humanos. Nesse caso, podemos fazer recomendações sobre quais medicamentos não devem ser usados ​​para quais pacientes. Também podemos ajudar a elaborar um protocolo de tratamento adequado no futuro”, disse Paula-Silva à fundação.

O estudo, intitulado “Enamel biomineralization under the effects of indomethacin and celecoxib non-steroidal anti-inflammatory drugs”, foi publicado online no Scientific Reports em 22 de setembro de 2022, antes da inclusão em uma edição.

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