Entrevista com Carla Renata Sarni

Quem a influenciou para fazer Odontologia?
Prestei o vestibular para Odontologia por influência de um primo. Embora tivesse aceitado fazer a prova, eu não tinha pretensão de ingressar na faculdade porque eu ainda estava cursando Magistério e não tinha me preparado. Além disso, tinha mais um agravante: eu não tinha condições de arcar com os custos do curso e ainda me manter em outra cidade, já que a Universidade ficava em Alfenas e eu morava em Pitangueiras, no interior de São Paulo. Mas, eu passei no exame e decidi encarar o desafio de fazer a Universidade e durante quatro anos eu vendia roupas e água para os alunos para arcar com os custos do curso. Com muito esforço, consegui vencer as dificuldades e sou muito realizada em minha profissão.

Onde fez a faculdade e quais suas lembranças desse tempo?
Fiz Odontologia na Universidade José do Rosário de Vellano (Unifenas), em Alfenas. As lembranças são das grandes amizades, dos professores, do ambiente da faculdade, que era muito agradável e mais ainda dos projetos sociais, das festas, enfim tudo me traz boas lembranças. O fato de eu vender roupas, fazia com que o meu circulo de amizades fosse cada vez maior, e isso era extremamente gratificante.

Como e onde foi seu início na profissão?
Quando terminei o curso, vim morar em São Paulo, na casa de um tio no bairro da Aclimação. Trabalhei em dois consultórios que acabaram não dando certo foi quando fui para uma seletiva em um consultório na Zona Leste. Não consegui a vaga, mas no final do teste decidi conversar com o dono do consultório que estava selecionando as pessoas e disse que se a dentista que ele tinha escolhido não viesse trabalhar na segunda-feira, eu tinha muito interesse na vaga e assim aconteceu: a dentista contratada desistiu e me ligaram para assumir o lugar dela. Neste lugar construí minha carreira, em pouco mais de três meses eu já tinha dobrado o número de pacientes e tinha lista de espera para atendimento. Diante desta situação, o dono do consultório que me contratou, propôs vender o consultório. Investi tudo que tinha para abraçar o negócio e assim comecei a Sorridents.

Qual foi o caso que lembra como mais difícil?
O caso que me lembro como mais difícil, foi quando eu estava fazendo especialização em buco-maxilo-facial, e num domingo a noite, eu estava no hospital Alzira Avelano, em Alfenas, quando chegou um paciente acidentado onde o mesmo se encontrava num estado muito grave e com muitas fraturas na face.

E um que tenha sido o mais gratificante?
Uma lembrança muito marcante que eu tenho foi de um senhor que chegou ao meu consultório num sábado no momento em que eu estava me preparando para ir embora. Ele tinha uma dor de dente forte causada por cárie e precisava de atendimento de emergência. Ele me disse: senhora pode curar a minha dor de dente? Eu já fui a três outros dentistas e ninguém quis me atender porque não tenho como pagar pelo tratamento. Pensei comigo, vou fazer a minha boa ação do dia. Resolvi o problema do senhor e ele foi embora. Para a minha surpresa, 10 anos mais tarde chega ao meu consultório um senhor muito bem vestido, insistindo para me ver pessoalmente. Atendi a pessoa, que me disse: vim te pagar pelo atendimento. Era o senhor que eu havia tratado de graça por falta de condições. Além de vir pessoalmente pagar pelo serviço prestado, ele indicou muitos outros pacientes, fazendo a minha clientela praticamente dobrar.

Lembra de algum caso pitoresco acontecido no consultório?
Uma vez cheguei ao consultório às 07h45min, pois o meu primeiro paciente era às 8h, tinha estourado um cano e o consultório estava alagado, e a secretária ao invés de resolver o problema, pegou a bolsa e foi embora, sendo assim me deparei com o consultório completamente alagado e ainda sem a secretária. Tive que por a mão na massa, dobrei a barra da calça e fui secar a água. Neste dia então fui secretaria, faxineira e dentista ao mesmo tempo, das 08h às 18h, em pleno sábado.

Quais foram os seus maiores ou melhores momentos?
Foi quando conquistei o meu diploma de cirurgiã dentista.

Qual foi o marketing que usou para começar?
A qualidade de atendimento. Para quem trabalha com saúde este quesito faz toda a diferença e foi assim que eu conquistei uma carteira de clientes fiéis que me ajudaram a construir a Sorridents.

Tem algum parente Cirurgião Dentista?
Sim, tenho um primo que cursou Odontologia na mesma turma que eu, nos formamos juntos. E atualmente tenho mais dois primos que se formaram há poucos anos.

Quem é seu maior ídolo na Odontologia?
E difícil eleger apenas um ídolo, pois todos os meus professores são meus ídolos, já que contribuíram muito para a minha formação.

Quem são os seus grandes amigos na profissão?
São os meus colegas de profissão que iniciaram comigo, o Everson Oliveira, Alexandre Zorzi, Eliene Santos, Flavia Reis e Claudia Buzzeli, e principalmente o meu marido Cleber Soares.

E quem fez mais pela classe nestes anos todos?
Luciano Artioli, atual presidente da ABCD – Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas. Na minha opinião, um Dentista empreendedor, inovador e que tanto defende os interesses da classe.

Qual seu livro ou autor preferido na profissão?
Não tenho um livro especifico, mas gosto muito dos livros do Luis Narciso Baratieri.

Qual a revista odontológica que mais gosta de ler?
A revista da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas.

Quais entidades a que pertence ou participa?
Sou associada a APCD – Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, e sou inscrita no CRO – Conselho Regional de Odontologia.

Como está vendo o presente momento na Odontologia?
Vejo como uma Odontologia muito mais profissionalizada, do que há 15 anos quando comecei, onde hoje o dentista, além de se preocupar com a área técnica, também se preocupa com a gestão do consultório.

Qual caminho vê como mais indicado para a profissão?
Vejo que hoje as pessoas estão muito mais exigentes na qualidade do atendimento, e o principal caminho para atender a isso é continuar estudando e se especializando.

A que atribui o seu sucesso profissional?
Ao esforço de trabalhar muito. Durante a minha carreira trabalhava de segunda a sábado cerca de 15 horas por dia. Para se ter uma ideia tive 2 filhos, e fiquei de licença no máximo de 10 dias em cada gestação. O meu sucesso foi fruto de muito trabalho, qualidade de atendimento e dedicação.

Quem o ajudou no crescimento profissional?
Meu marido Cleber Soares.

Sente ter se realizado profissionalmente?
Sim, plenamente.

Como espera ser o futuro da profissão?
Espero que tenhamos uma maior valorização da classe.

Deixe uma sugestão ou mensagem para os mais novos.
Em primeiro lugar ter paixão pelo que faz, muito foco e determinação.

A palavra é sua para suas considerações finais.
Para vivermos num mundo melhor, a classe odontológica deve prestar um atendimento humanizado.

Carla, obrigado pela entrevista e parabéns por suas conquistas, que a fizeram merecedora do sucesso alcançado. Sou admirador de seu espírito empreendedor, por abrir um novo caminho para o marketing e a gestão profissional na Odontologia. Que continues com esta dedicação e ajudando a muitos da profissão a terem dias melhores. Aos amigos e admiradores que a quiserem parabenizá-la, o e-mail é: sac@sorridents.com.br

* Professor e especialista internacional em gestão, marketing e administração do escritório com mais de 20 livros publicados. Seu último título é "Marketing de clínicas ou consultórios". Contacte-lo em: ribeiro@odontex.com.br