Entrevista: "Foto-funcionalização é eficaz em qualquer tipo de superfície implantada"

Dental Tribune ONLINE: A foto-funcionalização é obtida pela exposição das superfícies de titânio a luz ultravioleta. O senhor poderia descrever em mais detalhes, qual a mecânica ou os processos químicos que ocorrem durante o processo?
Dr. Takahiro Ogawa: A foto-funcionalização está condicionada a imediatos 12 minutos antes da colocação do implante dentário. A razão para este processo é que o titânio envelhece com o tempo, e isso afeta sobretudo a sua capacidade de se integrar ao osso.

A ativação do dispositivo de foto-energia possui uma combinação otimizada de luzes ultravioleta que efetivamente extraem hidrocarbonetos desde a superfície do implante, transformando a superfície hidrófoba (repelente à água) para hidrófíla (amiga da água). Esta mudança nas propriedades, juntamente com a superfície de titânio limpa, atrai mais células osteogênicas. Eletricamente negativamente carregadas as células são também atraídas pela mudança eletrostática da superfície do dispositivo.

Tudo isso se destina a tornar a osteointegração de implantes dentários muito melhor e mais rápida.

A maioria das superfícies dos implantes são supostamente hidrofílicas quando fabricadas. No entanto, o processo de envelhecimento degrada a hidrofilicidade (ver imagens da direita). Podem as propriedades da superfície de um implante envelhecido serem totalmente restauradas por foto-funcionalização, e a tecnologia tem limites?
De modo nenhum. Uma série de estudos têm indicado que a foto-funcionalização é eficaz em qualquer superfície-tipo implantada se testado o ácido-gravado, o duplo ácido-gravado, oxidado, jateado de areia, nano-destacado ou superfícies usinadas.

Enquanto a foto-funcionalização pode restaurar as propriedades de um implante a um grau semelhante de quando ele foi fabricado, as superfícies do implante revitalizado degradam com o tempo, da mesma maneira que os dos implantes regulares. Portanto, implantes dentários submetidos ao tratamento com o dispositivo precisam ser colocados imediatamente.

A técnica foi testada em estudos in vivo e, em caso afirmativo, quais são os resultados encontrados até agora?
Em função de uma série de estudos pré-clínicos, a força de osteointegração pode ser aumentada em três vezes por foto-funcionalização no estágio de recuperação inicial. O contato osso-implante dos implantes de fotofuncionalizados atingiu 98,2%, em comparação com os 50-55 % alcançados com os implantes controlados.

Além disso, verificou-se que a foto-funcionalização aumenta a qualidade da formação marginal do osso e a preservação, bem como melhora o resultado da regeneração óssea guiada, quando aplicada a malha de titânio. A foto-funcionalização também faz o implante e os limites das superfícies bactéria fóbicos.

Estudos indicam que não há apenas benefícios da foto-funcionalização a curto prazo. O aumento da confiabilidade e previsibilidade em função e estética são esperados com o tempo, oferecendo aos médicos uma nova estratégia para um melhor prognóstico a longo prazo para implantes dentários e reduzindo o risco de peri-implantitis.

Você diria que a foto-funcionalização poderia tornar-se um procedimento padrão para terapia de implante dental. Em sua opinião, quando isso vai acontecer?
Dentistas no Japão vêm utilizando a foto-funcionalização há cerca de três anos. Na Europa, a pré comercialização do dispositivo começou recentemente. Penso que outras regiões irão aderir em breve e fazer dessa tecnologia um padrão global no implante odontológico.

Um número de projetos utilizando a foto-funcionalização no domínio da engenharia óssea geral, implantes ortopédicos e reconstrução estão a caminho.

Muito obrigado pela entrevista.