O norueguês Dr. Harry-Sam Selikowitz , executivo do Comitê Científico da Federação Dentária Internacional (FDI World Dental Federation), apresentou durante o o congresso da FDI (FDI Annual World Dental Congress), que ocorreu de 7 a 10 de Setembro em POZNAŃ na Polônia, o paper intitulado “The global strategy and teamwork for periodontal health and overall health”. O Dental Tribune Online conversou com ele sobre o novo projeto periodontal da FDI e seus objetivos.
Dental Tribune Online: A FDI visa desenvolver um projeto global no campo da saúde periodontal. Por que nessa área e por que agora?
Dr Harry-Sam Selikowitz: A FDI está se envolvendo neste estágio porque a doença periodontal é em grande escala um problema de saúde pública. Em muitos países ao redor do mundo, não há simplesmente dentistas suficiente para tratar a doença periodontal, então o foco tem que ser a abordagem preventiva da população. O estudo de 2010 “Global Burden of Disease Study” da Organização Mundial de Saúde” mostra isso e, certamente, minhas conversas com os representantes oficiais da saúde no meu país, a Noruega, indicam que eles levam muito a sério esse problema.
O presente projeto sobre saúde periodontal também reflete o foco atual da FDI: tradicionalmente, temos falado como detectar, tratar e prevenir a doença; hoje, nós também estamos falando como manter a saúde da população.
O senhor recentemente fez alguns discursos sobre a inclusão da doença periimplantite no projeto periodontal. Quais fatores indicam o desenvolvimento de um programa para focar nesse assunto?
Há muitos fatores aqui. O primeiro é que, como em muitas áreas da tecnologia, o progresso significa que os implantes estão se tornando mais baratos e tornar-se-ão disponíveis ao grande público. Isso significa que seria uma boa ideia resolver todos os problemas relacionados em um estágio relativamente cedo/inicial do que em cinco ou dez anos depois.
Segundo, estudos mostram que os mesmos agentes de bactérias atuantes no biofilme que causam inflamação nos dentes normais também afetam implantes, sendo assim a infecção que leva à perda de dente também leva à falha de implantes. Deste modo, as mesmas medidas de prevenção para garantir uma dentição saudável são igualmente apropriadas para implantes.
Se a FDI decidir ir em frente, quais são os primeiros passos que o senhor visa lançar no projeto?
O primeiro passo seria uma pesquisa entre os membros de associações dentárias nacionais da FDI sobre medidas atuais para promover a saúde bucal e administrar a doença periodontal. Por exemplo, fumar e o consumo geral do tabaco constituem um dos perigos mais graves à saúde periodontal. Tendo em mente a amplitude da abrangência que a FDI tem no mundo sobre os problemas da saúde bucal, uma das questões seria: “Existe uma política nacional em vigor sobre a prevenção da doença periodontal ou fatores de risco comuns com doenças não transmissíveis?”.
Nós também vemos a necessidade de um “kit” sobre saúde periodontal e educação para dar apoio ao trabalho das nossas associações dentárias nacionais ao trazer o assunto à atenção das autoridades da saúde nacional e como um modo de integrar a saúde periodontal em seus programas de educação continuada.
Já há algum trabalho em andamento?
O Comitê Científico da FDI já está fazendo algum trabalho de base no campo do monitoramento e no que realmente funciona na prevenção da doença periodontal. Há falta de de estudos com evidências baseadas na grande população sobre as medidas preventivas e nas necessidades de serem remediadas. Entretanto, a falta de forte evidência não significa que uma ou outra medida preventiva seja efêmera. Há uma distinção entre estudos baseados em eividência e o que nós temos que aprender como dentistas durante os anos de observação. O interessante é que a meta-análise tem mostrado a redução da perda de dente entre 1999 e 2010¹, e nós podemos inferir que tratamento dentário e medidas preventivas têm contribuído para isso.
Qual é o impacto da baixa saúde periodontal na saúde geral?
Não há evidência suficiente na causalidade específica entre doença periodontal e doenças sistêmicas e não transmissíveis. Entretanto, é inegável que há uma associação, e a doença periodontal compartilha fatores de risco comuns com as principais doenças não transmissíveis. Por exemplo, a doença periodontal pode piorar a diabetes e vice-versa.
Muito obrigado pela entrevista.
Referência
¹. Kassebaum, N.J., Bernabé, E., Dahiya, M., Bhandari, B., Murray, C.J. & Marcenes, W., “Global burden of severe tooth loss: A systematic review and meta-analysis”, Journal of Dental Research, 93/7 supplement (2014), 20S–28S.
Isenção de responsabilidade: As opiniões expressas nesta entrevista não refletem necessariamente as da Federação Dentária Internacional (FDI World Dental Federation).
Nota editorial: Esta entrevista foi publicada na primeira edição de 2016 do Worldental Dail .O jornal foi publicado durante o 2016 FDI Annual World Dental Congress.
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