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Entrevista: “Cárie só ocorre devido a açúcares, mas erosão ocorre por ácidos do próprio organismo”

Prof. Jaime Cury ministra hoje (31) no CIOSP o hands-on “Flúor profissional para o controle de cárie e erosão dentária”. (Foto cortesia)

sex. 31 janeiro 2020

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SÃO PAULO/SP: Nosso entrevistado Jaime Cury, tem recebido vários prêmios nunca antes concedidos a pesquisadores fora do eixo Europa-Estados Unidos. Ele é professor titular de bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Unicamp, e atua com ênfase em Cariologia, principalmente nos temas flúor, biofilme dental. Aqui ele fala sobre cárie, erosão e tratamentos.

today CIOSP: Quais são as principais diferenças entre cárie e erosão?
Tanto cárie como erosão são doenças dos tecidos mineralizados dos dentes, os quais são dissolvidos por ácidos. A principal diferença está na origem do ácido que destrói progressivamente o dente. Na cárie o ácido é produzido pelas bactérias a partir do açúcar da dieta. Na erosão o ácido é de origem de produtos da dieta. Exemplificando: com refrigerante convencional (açucarado) e sem açúcar (zero), o zero não provoca cárie, mas provoca erosão dental; o açucarado provoca erosão nas superfícies dentárias limpas e cárie naquelas onde houver acúmulo de bactérias bucais. Há outra diferença importante: cárie só ocorre devido a açúcares da dieta, mas erosão ocorre por ácidos do próprio organismo (estomacal), comum em pessoas que regurgitam frequentemente.

Fale sobre a aplicação tópica profissional de fluoretos e os principais aspectos deste tema que o profissional da Odontologia deve conhecer
Há vários produtos comerciais à disposição do Cirurgião-Dentistas para aplicação profissional, mas poucos clinicamente comprovados como eficazes. Há também muitos mitos sobre os procedimentos clínicos pré, durante e pós a aplicação profissional de fluoretos.
A aplicação tópica profissional de fluoreto deve considerar um tratamento químico não invasivo de cárie que o Cirurgião-Dentista (CD) dispõe para tentar controlar tanto cárie como erosão nos dentes dos seus pacientes.
A aplicação tópica profissional de fluoreto é o único “remédio” para o CD usar no controle de cárie e erosão dos seus pacientes, mas o sucesso dessa intervenção depende exclusivamente da colaboração do paciente controlando as causas da doença que são sobejamente conhecidas.

Quais os principais materiais liberadores de fluoreto?
Os principais materiais liberadores de fluoreto são os cimentos ionoméricos de vidro (CIV), os quais podem ser usados como selantes e restauradores. Eles apresentam alto potencial de controlar cárie, porque o fluoreto é liberado no local certo onde a cárie ocorre, no tempo certo e na quantidade mínima necessária. À semelhança dos produtos para aplicação tópica profissional de fluoretos, há muitas marcas comerciais de CIV, quer sejam convencionais ou modificados por resina (restauradores), mas muito poucos clinicamente testados como eficazes no controle de cárie. Esses materiais não têm indicação no controle da erosão.

E quais os riscos do uso de fluoretos profissionais?
Não há nenhum risco associado ao uso dos CIVs. Quanto aos produtos para aplicação tópica profissional de fluoretos, eles não são fator de risco de fluorose dental (toxicidade crônica), mas são de risco quanto à toxicidade aguda de fluoreto, porque são usados produtos contendo de 9.000 a 54.500 ppm F (mg F/kg). Casos letais pelo uso negligente de produtos para aplicação tópica profissional de fluoretos ocorreram no passado, inclusive aqui no Brasil, mas no presente não têm sido mais relatados.

Obrigada pela entrevista.

Jaime Cury é considerado um dos maiores especialistas em flúor do mundo no campo da Odontologia. Ele estará no CIOSP ministrando hoje (31) o hands-on “Flúor profissional para o controle de cárie e erosão dentária”, das 14h30 às 18h.

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