DT News - Brazil - "Fazer o melhor que podemos para dar uma Odontologia que dignifique nosso nome"

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"Fazer o melhor que podemos para dar uma Odontologia que dignifique nosso nome"

Em a comemoração aos 17 anos da UniABO-CE (Escola de Educação Continuada), Dr. Pedro César Fernandes dos Santos, professor homenageado; Dr. Nilton Vivacqua, diretor de informática da ABO-CE; Dr. José Barbosa Porto, presidente da ABO-CE e Dr. Antônio César Josino Rodrigues, aluno homenageado.
Antônio Inácio Ribeiro*

Antônio Inácio Ribeiro*

qui. 16 junho 2011

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Nascido em Fortaleza em 03 de maio de 1959, Dr. José Barbosa Porto formou-se em Odontologia, em 1984 pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Endodontia, atuando em consultório particular há 27 anos, foi Cirurgião Dentista do Hospital da Aeronáutica no Ceará, presidiu o clube de futebol Calouros do Ar de 1986 a 1988, onde iniciou os seus trabalhos comunitários e ações culturais.

Em 1986 foi um dos fundadores do Serviço de Traumatologia Buco Maxilo Facial do Hospital Instituto Dr. José Frota (IJF), sob o comando do Dr. Manoel de Jesus Rodrigues Mello. Foi Presidente do Rotary Clube de Fortaleza, Alagadiço em 2009 e deu continuidade à implementação de ações sociais e culturais. Ingressou na Associação Brasileira de Odontologia no ano de 1996, foi Secretário, Tesoureiro, Vice-Presidente e em 2007, eleito Presidente. Presidiu o II Congresso Internacional de Odontologia com o Tema: O Brasil Sorridente e a Inclusão Social em maio de 2006, quando criou o projeto da 1ª. Mostra Brasileira de Artes com Motivos Odontológicos. É professor do curso de Endodontia, Especialização e Aperfeiçoamento, da ABO-CE.

Quem o influenciou para fazer Odontologia?
Tive um acidente quando estudava no Colégio Militar de Fortaleza e fiz um tratamento endodôntico com o um Cirurgião Dentista amigo de meu pai, que também era CD. Fiquei encantado com o procedimento do Dr. Antônio Franco (Dentista que me atendeu) e disse para mim que se algum dia tivesse de fazer Odontologia seria daquela especialidade. Passei na Aeronáutica e fui para Pirassununga ser piloto de caça, mas o destino quis que eu não ficasse e decidi fazer Odontologia em homenagem ao meu pai e ao Dr. Franco. Decidi também que faria aquela especialidade que tanto admirei por ter salvado meu dente.

Onde fez a faculdade e quais suas lembranças desse tempo?

A minha faculdade foi cursada na Universidade Federal do Ceará. São muitas as lembranças do tempo universitário e sempre recordo-as como momentos alegres e felizes junto a todos os colegas que, ainda hoje, os tenho guardados em meu coração. Não poderei esquecer jamais os momentos que convivi com excelentes pessoas e foi lá onde entrei na política de classe. Participei do Centro Acadêmico da Odontologia e sempre estava atento às causas de nossa classe.

Como e onde foi seu início na profissão?

Comecei na cidade de Fortaleza e procurei sempre corresponder aos anseios daqueles que acreditavam em meu potencial. Tive a ajuda de algumas pessoas, que sou grato até hoje e me ajudaram no início da profissão. Sou grato eternamente a meu pai Dr. Edilberto Cavalcante Porto, Dr. Wilson Dias, Dr. Francisco Parente Dias, Dr. Jonas José da Silva e Dr. Marcos Maia Gurgel.

Lembra quem foi seu primeiro paciente?
Minha primeira paciente foi uma parente, a Margaridinha.

Qual foi o caso que lembra como mais difícil?
No início da profissão temos que ser clínicos gerais e passei por momentos difíceis quando fazia prótese, pois sempre discutia com os profissionais que as confeccionavam para dar ao paciente o melhor tratamento possível. Meu caso mais difícil foi a prótese de um conhecido, que tive que repetir algumas vezes por não ficar satisfeito com o trabalho. Fui fazer um curso com o Dr. Tetsuo Saito em São Paulo para poder me aperfeiçoar e mesmo assim não ficava satisfeito com meu trabalho. Decidi que não faria mais prótese e resolvi me dedicar à especialidade que sempre gostei, que é endodontia.

E um que tenha sido o mais gratificante?
Tenho sempre me gratificado com o trabalho que tento realizado em meus pacientes, mas teve um onde atendi uma pessoa que estava com muita dor e quando ele perguntou o preço de meus serviços (antes de iniciar a urgência) levantou-se da cadeira e disse que não poderia pagar. Fiquei envergonhado com minha atitude e disse para o paciente que ele não sairia do meu consultório com dor e que não cobraria nada dele. Fiz o procedimento para tirar a dor do paciente e antes de sair ele me agradeceu e mesmo sem ter condições pediu para pagar alguma coisa. Não aceitei. Ele depois voltou e disse que seria meu cliente e disse que o que tinha feito por ele jamais esqueceria.

Lembra de algum caso pirotesco acontecido no consultório?
Minha primeira paciente, a Margaridinha, tinha muito medo de Dentista e quando a anestesiei, ela veio a ter uma lipotímia. A anestesia era sem vaso constritor, mas mesmo assim fiquei apreensivo e veio um filme à minha cabeça que poderia ali acabar minha profissão já que estava iniciando e justo a primera paciente e da família, acontecia este episódio. Coloquei-a na posição de Trendelenburg e mesmo assim continuava a “revirar os olhos”. Fiquei nervoso e já não tendo mais o que fazer, comecei a dar alguns tapas no rosto para que ela voltasse. Em dado momento ela retornou e colocando a mão na face, disse que estava “ardendo” e que estava sentindo falta de sua lente de contato do lado direito. No momento de desespero consegui deslocar a lente da paciente, que depois foi achada por mim e por minha auxiliar no chão de meu consultório.

Quais foram os seus maiores ou melhores momentos?
Tenho vivido sempre os melhores momentos de minha vida quando atendo os pacientes em minha especialidade, a Endodontia.

Qual foi o marketing que usou para começar?

Uso até hoje o mesmo marketing: mostrar ao paciente que não me importo com a quantidade de pacientes e sim com a qualidade do meu trabalho. Sempre procurei ser honesto com os pacientes e mostrar que podemos fazer uma Odontologia sem pensar no dinheiro em primeiro lugar e sim na saúde e bem estar do paciente. Muitas vezes tive que argumentar com colegas que me enviavam pacientes para fazer endodontia e eu decidia não fazer por achar que não era necessário e alguns pacientes diziam: - Mas doutor o senhor não vai fazer, mesmo tendo sido requerido pelo doutor? E eu respondia que preferia ganhar um amigo a ter que fazer algo em que minha consciência viesse a me recriminar. Disse e continuo dizendo que podemos enganar o paciente, mas a nossa consciência e o nosso travesseiro, não. Fiz e continuo fazendo muitos amigos com este tipo de atitude.

Tem algum parente Cirurgião Dentista?
Meu pai, Edilberto, que já é falecido.

Quem é seu maior ídolo na Odontologia?
Tenho vários ídolos: meu pai e aqueles que me ajudaram e continuam a me ajudar a fazer esta profissão que amo tanto. Seria indelicado citar nomes, pois acabaria cometendo o erro do esquecimento.

Quem são os seus grandes amigos na profissão?
Tive e tenho alguns amigos, mas não posso deixar de citar meu compadre Dr. Manoel Mello, meus pais de profissão: Dr. Francisco Parente Dias, Dr. Wilson Dias e Dr. Jonas José e os amigos Marcos Maia Gurgel, Manoel Meireles e Jorge Bastos. Minha grande amiga, com quem convivo até hoje, é minha esposa Ester Porto, que também é Cirurgiã Dentista.

E quem fez mais pela classe nestes anos todos?
Aqueles que se dedicaram às causas de nossa profissão, muitas vezes sacrificando consultório e família e não são reconhecidos por seus trabalhos em prol de nossa categoria.

Qual seu livro ou autor preferido na profissão?

Sempre procurei me atualizar. Tenho muitos autores e livros que são preferidos, mas em minha especialidade cito alguns que tive preferência por tratarem os assuntos de uma forma clara e honesta: Dr. Quintiliano De Deus, Dr. Gustavo Paiva, Dr. Sérgio Alvarez, Dr. Clóvis Bramante e Dr. Alceu Berbet, Dr. Spironelli, Dr.Ingle, Dr. Pécora, entre outros.

Qual a revista odontológica que mais gosta de ler?

Gosto muito da revista da ABO Nacional e do Journal of Endodontics.

Tem algum curso fora da profissão?

Sempre gostei de chegar ao nível da dúvida. Fiz um curso de onze meses em Implantodontia para poder responder as perguntas dos pacientes e nunca fiz qualquer tipo de implante. Como Presidente da ABO-CE, temos dificuldade em aprovar os nossos projetos e resolvi fazer um MBA em Gerenciamento de projetos pela FGV. Meu TCC é: Gestão de Projetos no Terceiro Setor: Dificuldades e Possíveis Soluções. Queremos contribuir para que as entidades possam fazer bons projetos e que eles sejam aprovados pela seriedade com que são tratados e colocados para as instituições, sejam públicas ou privadas. Fiz também Direito, mas tive que interromper por estratégia familiar. Tenho certeza que voltarei e terminarei. Faço sempre com o pensamento de enriquecer minhas atividades.

Quais entidades a que pertence ou participa?
Estou na Presidência da Associação Brasileira de Odontologia – Seção Ceará, sou Presidente do Conselho Deliberativo da ABO Nacional, pertenço ao Rotary Clube e estou sempre atento às políticas de nosso Conselho e do nosso Sindicato.

Como está vendo o presente momento na Odontologia?
Com muita tristeza. Vemos que a nossa classe está desprestigiada politicamente e que temos muitas faculdades sendo criadas sem critérios e respeito à nossa profissão. O salário dos profissionais da Odontologia é discriminado e vemos outras profissões conquistando cada vez mais os seus anseios e nós Cirurgiões Dentistas perdendo o espaço que tínhamos para negociar. Falta união e esforço para que possamos estar influenciando decisões em favor de políticas voltadas para o fortalecimento de nossa categoria, dignidade e reconhecimento de uma profissão tão importante.

Acha que seria importante os líderes da Odontologia seguirem carreira política?
Acho que deveríamos lançar uma campanha de valorização profissional e estimular a classe a votar nos seus pares. “Dentista vote em Dentista” e cobrar destes colegas que, se eleitos, dignifiquem nossa categoria e lutem por políticas que coloquem o Cirurgião Dentista no seu devido lugar. Outras profissões têm representantes nos parlamentos e não vemos os colegas de profissão nas listas de parlamentares. Se quisermos ter nossas aspirações conquistadas, temos que começar a nos organizar e estabelecer uma meta a ser atingida e um trabalho que não pensemos que será fácil, mas se não abrirmos os olhos e começarmos será, não só muito difícil, mas sim impossível.

Qual caminho vê como mais indicado para a profissão?
União, união, união e depois construir um trabalho que venha a colocar nossa categoria onde ela já esteve um dia e nunca poderia ter saído. Temos que começar um trabalho de formiguinha e, com certeza, daqui a alguns anos possamos ter frutos de nosso esforço.

A que atribui o seu sucesso profissional?

Passar que a honestidade, trato e valorização do paciente é o mais importante. Fazer o melhor que podemos para dar uma Odontologia que dignifique nosso nome. Atender sempre bem e estar disponível 24 horas do dia para atender os anseios do nosso bem maior: o paciente. Ouvir as pessoas e não ter tempo marcado para uma boa conversa. Dar retorno.

Quem o ajudou no crescimento profissional?
Muitas pessoas me ajudaram e posso cometer alguma injustiça se citar nomes, pois foram e são muitos que me ajudam até hoje.

Sente ter se realizado profissionalmente?
Plenamente feliz e realizado com o que faço. Tenho costume de toda sexta feira tomar duas doses de uísque pelos canais que fiz durante a semana e levo isto muito a sério.

Como espera ser o futuro da profissão?
Se agirmos agora poderemos ter um futuro promissor, mas isto passa por um trabalho de colocar na cabeça de todos os colegas que ninguém é mais importante do que o outro, ninguém é melhor ou pior, todos têm que estar unidos e despidos de qualquer tipo de vaidade.

Deixe uma sugestão ou mensagem para os mais novos.

Sejam honestos e conversem com seus pacientes. Só não erra quem não faz, mas o erro é recompensado com sinceridade e sempre falar a verdade. Nunca deixem de estudar e se atualizar. Façam cursos, congressos e nunca se esqueçam que o lazer faz parte de nossas vidas para recarregar nossas baterias e voltar com mais vigor ao trabalho. Ouçam os pacientes, pois eles direcionam nossos rumos e fazem com que trilhemos o caminho do sucesso. Participem das políticas de classe, pois os jovens têm muito a ensinar e fazer com que nossa classe seja valorizada e conquiste novamente sue espaço.

A palavra é sua para suas considerações finais.

Fiquei muito feliz em poder participar desta entrevista. Conheço a seriedade do Ribeiro e sei que ele, apesar de não ser CD, trabalha pela valorização de nossa categoria. Gostaria de humildemente, pedir aos colegas que dignifiquem nossa profissão e se unam em torno de ideais como nossa dignidade, a nossa valorização.
Olhemos pela responsabilidade social e façamos o bem aos mais necessitados com atos voluntários para que, um dia, acabemos com tantas injustiças.
Gostaria de finalizar com as palavras sábias de Madre Tereza de Calcutá:
“O importante não é a magnitude de nossas ações, mais sim a quantidade de amor que é colocada nelas”. “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

* Professor e especialista internacional em gestão, marketing e administração do consultório com mais de 20 livros publicados. Seu mais recente trabalho é uma importante trilogia composta por títulos "Marketing de clínicas ou consultórios", "Gestão de clínicas ou consultórios" y "Sucesso de clínicas ou consultórios". Contacte-lo em: ribeiro@odontex.com.br
 

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