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Entrevista: “Odontologia interdisciplinar e o que é necessário para alcançar o melhor da intervenção estética”

Prof. Aris-Petros Tripodakis (à esquerda) com Torsten Oemus. (Foto: Pygmalion Karatzas)
Magda Wojtkiewicz, DTI

Magda Wojtkiewicz, DTI

dom. 30 novembro 2014

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A Academia Europeia de Odontologia Estética (EAED - European Academy of Esthetic Dentistry) é reconhecida como a principal associação para profissionais interessados em odontologia estética. Sempre esteve à frente nos avanços científicos em próteses dentárias, implantes e restaurações. O CEO do Dental Tribune, Torsten Oemus, teve a oportunidade de falar com o Prof. Aris-Petros Tripodakis, ex-presidente da EAED e membro do comitê da organização, sobre o encontro de maio deste ano em Atenas, bem como sobre a situação atual e o futuro da odontologia estética.

Torsten Oemus: Por que vocês escolheram o tema “Contextualismo da odontologia estética” para a reunião deste ano da EAED?
Prof. Aris-Petros Tripodakis: O contextualismo se refere à relação íntima de uma estrutura com seu ambiente. É um termo arquitetônico há tempos utilizado. Aplicado à odontologia estética o termo considera que os dentes são apenas uma pequena parte do rosto; assim, ao invés de falar sobre dentes bonitos ou de mudar o sorriso, nós falamos sobre dar dignidade e integridade ao rosto humano. Isso se alcança contextualizando nossas intervenções dentárias.

Temos visto alguns diferentes conceitos em odontologia estética emergindo nos últimos anos. Baseado nas apresentações que vimos em Atenas sobre o design do sorriso e conceitos de bioemulação, qual é sua visão sobre a posição da odontologia nesse contexto design do sorriso e bioemulação?
Penso que estão interligados e fazem parte de um contexto, que é o rosto humano e além. O contextualismo aplicado na restauração, ou de alguma forma em modificar a dentição, traz os dentes a uma relação vital entre si, com os lábios e o rosto. A dimensão inicial do contextualismo indica a emulação da estrutura interna natural e o comportamento óptico da dentição, a que se refere bio-emulação. Sua segunda dimensão aborda os lábios e o terço inferior da face aplicado o design do sorriso. Particularmente não gosto do termo “design de sorriso”, pois o sorriso humano é um presente dado apenas à espécie humana que interage com todo o rosto da pessoa, enquanto lábios e boca são apenas uma parte disso. Uma parte muito importante do sorriso são os olhos, uma boca sorridente sem olhos sorridentes não é natural. Isso me leva a terceira dimensão do contextualismo que os dentistas devem considerar: As características únicas e pessoais da dentição e como elas se relacionam com o rosto e personalidade do paciente, e ainda a pessoa como um módulo psicossomático compreensivo.

Dos diferentes tópicos abordados no encontro anual em Atenas, qual apresentação o senhor considera que melhor define o futuro da odontologia estética? Pode sumarizar os conceitos que terão um impacto futuro, possivelmente até um grande impacto, com mudanças substanciais nos conceitos existentes da odontologia estética?
Como presidente do EAED e membro do comitê científico era de minha responsabilidade sugerir tópicos e consultar todos os palestrantes para ajustar os tópicos, e todos os palestrantes de alguma forma contribuíam com os tópicos. Os temas que foram alocados em sessões especificas filtravam os assuntos de forma que acredito que o encontro foi um sucesso neste ponto. Durante o período de discussões todas as questões estavam relacionadas ao tema geral do congresso. A direção dada pela palestra introdutória de Bispo Nikolaos Chatzinikolau de tema “Unidade contextual e a face humana: Dignidade – Integridade – Identidade”, conforme esperado, foi a mais direta e relevante para o tema do congresso. Fiquei realmente satisfeito que sua Excelência aceitou fazer a palestra de abertura, que deve também ser lida para que possa ser completamente compreendida, estou muito feliz que ele tenha autorizado que a gravação de sua fala seja disponibilizada on-line. Mais ainda, ele está prestes e me dar o texto para também publicar.

Dado o ambiente altamente especializado da odontologia, o senhor acha que o contextualismo, e finalmente a comunidade da odontologia estética, unem a maioria das áreas especializadas da odontologia (para o benefício dos pacientes, é claro)?
Essa é a mágica do campo da odontologia estética. Somos todos dentistas estéticos, todos lidamos com estética, e podemos ser especialistas e executar, realizar, odontologia estética, enquanto o foco tende a crescer no sentido de domínio dos especialistas e tratamento especializados. Não é exatamente por isso que nossos pacientes precisam de nós; na verdade, todo o conhecimento isolado e aplicações clínicas devem se unir sob uma mesma gama de serviços ao paciente que busca a excelência e diferenciação dos resultados clínicos. E a odontologia estética atual faz isso.

Mas, em sua opinião, qual é a posição da odontologia estética no desenvolvimento de especialidades da odontologia? Na maioria dos países a odontologia estética não é uma especialidade, mas uma perspectiva. Por isso, para um tema de congresso, parece que vocês incluíram a odontologia com todas as suas diferentes especialidades, já que juntas elas podem alcançar um resultado de estética e funcional.
Odontologia interdisciplinar é necessária para atingir a odontologia estética de ponta. Eu fico muito feliz que os próximos membros dos encontros da EAED, que acontecerá em Barcelona no final de outubro deste ano (Que novamente terá o formato de workshop), irão ter uma abordagem interdisciplinar, combinando protéticos, ortodontia e periodontia em uma colaboração clínica. E é justamente nisso que a odontologia estética se baseia. Além disso, odontologia estética e a EAED buscam excelência, o que requer uma aproximação compreensiva.

Então sua mensagem é a de que requer tanto excelência quanto esforços combinados de diferentes disciplinas.
Enquanto o foco é, continua sendo e sempre será, o paciente.

Qual retorno o senhor tem recebido de especialistas e organização ao redor do globo? Há uma dimensão política sobre o assunto, que nem sempre tem os pacientes em mente, mas sim os membros de uma especialidade. Como os especialistas se sentem sobre essa abordagem interdisciplinar e por serem considerados dentistas estéticos?
Como dentistas nos graduamos de uma escola de odontologia e estamos qualificados a prover saúde e a restaurar mutilações na dentição e região das estruturas adjacentes. Temos todos a tendência de ser dentistas estéticos desde o começo por buscarmos a excelência clínica. Ao realizar nossas tarefas entregamos ao paciente a disciplina da “odontologia estética”. Especialistas mais ainda, pois eles se dedicaram e se esforçam para se especializar. O que ocorre é que muitas vezes os especialistas apenas lidam com sua especialidade e se preocupa pouco com o restante, e todos sabemos que isso é errado. Especialidade significa que um indivíduo tem o treinamento acadêmico e habilidade clínica para realizar tratamentos em uma disciplina em nível muito alto ou sofisticado. Isso não permite que se esqueça de que o paciente sendo tratado precisa também de outros serviços. Em muitos casos esses outros serviços devem receber a prioridade necessária em outra disciplina cooperando com dentista generalista ou outros especialistas. Existe um ditado “A cirurgia foi um sucesso, mas o paciente faleceu” e isso mostra que a menos que o paciente e suas necessidades sejam o foco de um tratamento compreensivo, os resultados de um procedimento especializado não é o suficiente.

O resultado final é a combinação da abordagem de cada especialidade?
Acredito que ainda cedo na vida, especialista ou não, é necessário escolher viver uma vida profissional normal, com uma agenda regular e certa remuneração, ou escolher levar uma vida de preparação adequada e constantemente buscar a excelência oferecendo o melhor serviço aos pacientes, isso é o que odontologia estética significa.

Com esta abordagem o senhor deve conseguir atrair a maioria dos dentistas aos seus encontros e conferências.
Temos conseguido entre os membros da EAED todas as especialidades, bem como dentistas generalistas e técnicos da odontologia estão representados. Da mesma forma nossas reuniões e encontros têm sido frequentados igualmente por especialistas, generalistas e técnicos que vem do mundo todo.

Mas por que os encontros anuais da EAED são geralmente considerados como de tópicos conceituais, e de alguma forma elitistas, que juntam os melhores no palco e auditório, ao invés de apelar para uma comunidade mais ampla de dentistas que deveriam buscar a excelência em resultados estéticos?
Bem, juntar pessoas é bom, aproximas as pessoas e as ajuda a se comunicarem, e essa comunicação é a base para a evolução. Encontros que extrapolam um determinado número ficam muito impessoais, pois as pessoas não têm a oportunidade de se conhecerem. Uma das metas da EAED é de sediar encontros menores (200 a 250 pessoas) em um ano, e depois um maior (400 a 500 pessoas) no próximo ano.

Além disso, também realizamos os encontros de membros ativos, que conta com apenas de 50 a 60 membros e acontece no formato de workshop, os resultados são publicados e estão disponíveis a todos. O workshop deve ser muito focado em tempo e tema para ter sucesso em alcançar conclusões significantes. Muito trabalho é feito para compilar os acontecimentos, incluindo os textos das apresentações e as discussões que se seguem. Tais questionamentos e discussões levam resultados e consenso importantes. Além disso, a elite a qual você se refere reflete a qualidade das pessoas que abraçaram essa abordagem, enquanto a EAED não é o único fórum do tipo. Considere, por exemplo, o evento do qual acabamos de participar: O encontro de Bioemulação (Nota Editorial: Santorini 21 e 22 de junho de 2014) é um evento bastante exclusivo que envolve eminentes profissionais da indústria da odontologia que se reúnem e interagem avidamente para aprender em uma atmosfera amigável e relaxante.

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