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Saúde bucal ameaçada pelas mudanças climáticas, diz novo estudo

Uma revisão recente examinou os efeitos diretos e indiretos das mudanças climáticas na saúde bucal, e suas descobertas destacam sérias implicações para os sistemas de saúde pública odontológica. (Imagem: appledesign/Adobe stock)

ter. 22 abril 2025

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NOVA DÉLHI, Índia: Embora os efeitos das mudanças climáticas na saúde geral estejam bem documentados, seu impacto na saúde bucal permanece menos explorado. Uma nova revisão exploratória avaliou como as mudanças ambientais influenciam as práticas odontológicas e os resultados em saúde bucal. O estudo sugere que as mudanças climáticas contribuem para condições como cárie dentária, erosão e doença periodontal, além de afetar o acesso a serviços odontológicos. Enfrentar esses desafios requer pesquisas contínuas, estratégias de intervenção direcionadas e uma revisão crítica das políticas atuais na intersecção entre mudanças climáticas e saúde bucal, afirmam os autores.

As mudanças climáticas representam uma ameaça crescente à saúde global. De acordo com o Relatório de Riscos Globais de 2024, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, espera-se que esses impactos se intensifiquem na próxima década. Além dos seus efeitos diretos na saúde bucal, as mudanças climáticas podem dificultar o acesso a cuidados odontológicos devido a interrupções financeiras e logísticas causadas por eventos climáticos.

Em seu estudo, os autores revisaram a literatura sobre o impacto das mudanças climáticas na saúde bucal e na profissão odontológica. Dez artigos publicados entre 2010 e 2024 foram incluídos na análise final: quatro artigos de revisão, três editoriais, dois comentários e um estudo qualitativo.

A revisão identificou ligações diretas e indiretas entre as mudanças climáticas e uma ampla gama de problemas de saúde bucal, incluindo cáries, erosão, câncer bucal, defeitos de desenvolvimento do esmalte, doença periodontal, traumatismo dentário e fluorose esquelética e dentária. Essas associações destacam os efeitos potenciais graves e abrangentes das mudanças climáticas na saúde bucal.

A revisão constatou que eventos climáticos extremos podem restringir o acesso a cuidados odontológicos, aumentar o risco de lesões bucais e aumentar o risco de infecções e doenças devido à higiene precária e à contaminação da água. A pesquisa também relatou um estudo que apontou um risco maior de câncer bucal devido ao aumento da radiação solar.

Além desses efeitos diretos, a revisão constatou que as mudanças climáticas podem influenciar a saúde bucal por meio de fatores socioeconômicos. A má alimentação e a nutrição — frequentemente resultantes da insegurança alimentar relacionada ao clima — podem afetar negativamente a saúde bucal. Além disso, os impactos das mudanças climáticas podem gerar estresse e problemas de saúde mental, que, por sua vez, podem levar a uma higiene bucal mais precária e ao aumento do bruxismo. A revisão também observou que as mudanças climáticas agravam as desigualdades em saúde, afetando desproporcionalmente as populações vulneráveis, particularmente as comunidades de baixa renda, remotas e indígenas, que já apresentam acesso limitado a cuidados odontológicos e maiores disparidades em saúde bucal.

Estratégias sustentáveis ​​para uma saúde bucal resiliente

A revisão enfatizou o impacto mais amplo das mudanças climáticas na prestação de serviços de saúde. Por exemplo, observou-se que eventos climáticos extremos podem interromper as cadeias de suprimentos e os sistemas de transporte, levando à escassez de recursos e ao aumento dos custos em odontologia.

Em resposta a esses desafios, os autores defenderam práticas mais sustentáveis ​​na odontologia, como a escolha de fornecedores e produtos ambientalmente responsáveis. Recomendaram também a adoção de uma abordagem de economia circular para minimizar o desperdício e promover a sustentabilidade.

A revisão concluiu que os sistemas de saúde pública odontológica precisam estar mais bem equipados para gerenciar os impactos de eventos climáticos, garantindo a continuidade do atendimento durante emergências e fortalecendo programas comunitários de saúde bucal. As principais recomendações nesse sentido incluem a expansão do uso da teleodontologia, o aprimoramento do planejamento de resiliência financeira e a melhoria do armazenamento de medicamentos para evitar a degradação durante eventos climáticos, reduzindo assim o risco de tratamentos ineficazes e prescrições desnecessárias de antibióticos.

No geral, os resultados ressaltam a necessidade urgente de ações proativas e baseadas em evidências para garantir que os sistemas de saúde odontológica permaneçam acessíveis, resilientes e equitativos diante das mudanças climáticas. Para tanto, os autores também solicitaram maior financiamento para pesquisas a fim de aprofundar a compreensão do impacto das mudanças climáticas na saúde bucal e desenvolver estratégias eficazes de longo prazo.

O estudo, intitulado “Impact of climate change on dentistry and oral health: A scoping review”, foi publicado on-line em 31 de março de 2025 no BDJ Open.

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