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Primeira conferência internacional de mercúrio dental, realizada no Rio de Janeiro

No evento, um painel internacional discutiu os aspectos toxicológicos de mercúrio na saúde humana e no ambiente. (Foto: Anita Vazquez Tibau)

dom. 21 janeiro 2018

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A Fundação Oswaldo Cruz e o Programa Ambiental e de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), juntamente com o Capítulo Brasil da Academia Internacional de Medicina Oral e Toxicologia (IAOMT) patrocinam em conjunto, pela primeira vez, uma conferência internacional dias 9 e 10 de novembro sob o tema "Os aspectos toxicológicos do mercúrio sobre a saúde humana e o meio ambiente".

Neste histórico evento de dois dias foi a primeira vez que a ENSP/FIOCRUZ e uma organização não governamental fizeram oficialmente uma parceria formal para um simpósio. As discussões no evento abordaram muitos dos aspectos de mercúrio. A abertura do evento foi com a Dra. Liliane Teixeira, a coordenadora do evento (ENSP/FIOCRUZ), seguida pela Dra. Martha Faissol, (IAOMT), Hermano Castro, Diretor da ENSP/FIOCRUZ, e o Vice-presidente, Marco Menezes (ENSP/FIOCRUZ). A Dra. Eliana Napoleão Cozendey da Silva (ENSP/FIOCRUZ) foi responsável pela organização deste evento, em nome da ENSP e da FIOCRUZ.

Diego Periera, um analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente no Brasil, discutiu sobre o Brasil e a ratificação e implementação da Convenção de Minamata sobre Mercúrio. Professor Emérito da Universidade de Brasília, Dr. Jose Dorea, analisou a exposição ao mercúrio e saúde humana na Amazônia Brasileira dizendo que, "A conferência foi incrível, foi muito objetiva, pois foi focada na saúde, o quadro global do mercúrio foi equilibrado e bem dirigido ao longo de toda a reunião. Este foi um dos eventos compactos de mais alta qualidade que já participei. Todos temos interesse em mercúrio de qualquer forma e todas as reuniões são importantes, mas esta foi especialmente importante, porque o Brasil tem mais dentistas do que os EUA e a EU combonados. Quando você pode vir para um país que tem muitos profissionais e pode se concentrar em uma coisa, neste caso, o mercúrio no setor odontológico, é muito importante".

Seguindo Dorea estava o Dr. Boyd Haley, Professor Emérito da Universidade do Kentucky. Haley falou sobre os aspectos toxicológicos do mercúrio na saúde humana e possíveis tratamentos. Dr. Julio Wasserman, professor da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, liderou a manhã de discussões de mesa redonda.

O Dr. David Kennedy, antigo presidente da divisão IAOMT U.S., começou a primeira tarde discutindo mercúrio no que diz respeito à infertilidade e susceptibilidade genética. Dr. Paulo Barrocas, em seguida, deu uma visão geral da contaminação por mercúrio na bacia amazônica com ênfase em tribos tradicionais. Dra. Patricia Dias, uma médica com experiência em segurança ocupacional, explicou as várias facetas da segurança dos trabalhadores e a legislação atual em torno da exposição ocupacional de mercúrio no Brasil. À tarde, a mesa redonda foi presidida pelo Dr. Paulo Barrocas (ENSP/FIOCRUZ) e foi celebrada com outra robusta, sessão de perguntas e respostas entre os palestrantes e os participantes.

No segundo dia, o Dr. David Warwick da IAOMT Canada/US deu uma poderosa visão geral dos caminhos do mercúrio, o seu impacto sobre o "círculo da vida" e o verdadeiro custo de obturações de amálgama dental. Sua palestra cobriu como mercúrio dental está ilegalmente fazendo o seu caminho em pequena escala artesanal de mina de ouro, que é, atualmente, o maior poluidor de mercúrio em todo o mundo. Sua apresentação foi seguida por uma apresentação de Thais Cavendish, Coordenadora Geral e de Vigilância em Saúde Ambiental no Ministério da Saúde do Brasil. Ela discutiu a vigilância da saúde de populações expostas a mercúrio no Brasil. O apresentador final da manhã foi o Dr. Rodrigo Richard da Silveira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, no Brasil, cujo tema foi "Amálgamas Dentárias – sim ou não?"

Uma mesa redonda seguiu a sessão da manhã.

A segunda tarde começou com a apresentação de Michael Darcy, um consultor sobre os regulamentos para o tratamento de problemas de águas residuais criados pelo setor odontológico nos EUA e no Canadá. Ele discutiu os diferentes tipos de separadores de amálgama de mercúrio no mercado e a importância de uma adequada instalação e manutenção. Dr. Raimondo Pische, da Academia Internacional de Odontologia Biológica na Itália, apresentou um instantâneo de odontologia biológica e discutiu como a União Europeia está se afastando do uso de mercúrio no setor odontológico. O último orador foi o Dr. Blanche Grube, antigo presidente da Academia Internacional de Odontologia e Medicina Biológica e um companheiro da IAOMT. Grube abordou a importância crítica de protocolos de segurança para a remoção de mercúrio, incluindo os procedimentos de proteção para os pacientes, dentistas e funcionários.

Wasserman novamente presidiu a última mesa redonda, que foi seguida por comentários de encerramento por Napoleao Cozendey da Silva. Os participantes foram informados de que oito países participaram do congresso e agradecimentos finais foram feitos na conclusão do evento.

As implicações de um setor odontológico isento de mercúrio no Brasil, como o quinto maior país do mundo, terá um enorme impacto global. A partir de 2009, havia 191 instituições de ensino superior no Brasil concedendo graus em Odontologia (137 particulares [71,7%] e cinquenta e quatro públicas [28,3 por cento]), com um total de 17.157 posições de estudo oferecidas anualmente. Estas escolas graduam em torno de 10.000 profissionais por ano - uma das maiores taxas do mundo. Mais e mais mulheres também ingressam na profissão a cada ano. De fato, em 2009, 75 por cento dos estudantes de odontologia do primeiro ano eram do sexo feminino e 55% do total de profissionais de odontologia neste ano foram mulheres. Artigos científicos recentes têm demonstrado que a exposição ao mercúrio no setor odontológico pode ter graves consequências para a saúde, especialmente em mulheres em idade fértil e gestantes.

Esta primeira conferência conjunta recebeu elogios dos participantes, bem como aqueles que participaram no painel de especialistas. Houve uma enorme quantidade de ciência apresentada sobre o impacto toxicológico de mercúrio, não apenas como um poluente global, mas também em relação aos graves impactos na saúde que ele tem, especialmente nas subpopulações vulneráveis. Esta reunião foi fundamental na avaliação do impacto na saúde e no ambiente criado pelo uso específico de mercúrio dental. Com países como a Noruega, a Dinamarca e a Suécia, provando que a proibição de mercúrio dental é possível, conforme recomendado na primeira Conferência das Partes, que foi intitulado "Vamos fazer história com mercúrio dental!"

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